segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A lenda da ninfa Halana


Havia uma floresta cujo sol da manhã abrilhantava as águas dos rios e que o crepúsculo trazia a nostalgia do dia que passou e a ansiedade pelos brilhos das estrelas aparecerem.
E era lá que as ninfas e sátiros bailavam, eles com suas flautas tocavam as mais lindas melodias, enquanto elas usavam seus galhos, um pequeno pedaço de madeira como uma varinha mágica, para abrir os mais diversos tipos de flores. Durante os dias, os sátiros assustavam e pregavam peças nos humanos, que por sua vez, não conseguiam ver essas belas criaturas. Achavam que a floresta era mal assombrada e fugiam assustados. As ninfas riam e não entendiam como podiam achar aquela floresta assustadora, sendo ela tão linda e cheia de vida.
Numa bela noite os entes da floresta decidiram fazer uma festa. Sim, uma festa que começaria quando os primeiros raios de sol aparecessem e terminaria um pouco depois dele se por. Na manhã seguinte lá estavam as ninfas dançando como o vento no outono e os sátiros cantando como os pássaros e as águas do rio. Naquele dia a floresta estava em festa e naquele dia Denisia viu Danam pela primeira vez. Ela viu seus movimentos, seus olhos e se apaixonou. Isso mesmo, se apaixonou como ninfas se apaixonam por sátiros: um amor físico, mas que supera qualquer amor platônico. Passou o dia naquele platonismo, vivendo todas as ilusões que o amor permite... até que a festa acabou! Todos já haviam ido embora, mas Danam decidiu descansar numa árvore por ali e foi então que ela apareceu: Halana. Ela dançava, sob a lua e as estrelas, dançava com passos leves e mostrava uma intensidade que Danam jamais havia visto e ele se apaixonou. Não como ninfas se apaixonam por sátiros, mas como sátiros se apaixonam por ninfas: um amor intenso e grandioso. E como se tivessem ensaiado, foi dançar com ela, onde a cada passo, ela usava seu galho para abrir flores, flores de todas as cores que os transformavam no mais perfeito casal apaixonado, pois ela também sentiu em Danam aquele amor.
No dia seguinte os seres da natureza já haviam espalhado a notícia do novo amor na floresta. Todos caíram numa felicidade imensa, menos Denisia. A dor que sentia era insuportável: uma ninfa que ama um sátiro jamais amaria outro. A tristeza e a raiva a invadiram. Como poderia ela suportar ver os dois juntos? Como viveria assistindo uma felicidade que a pertencia? Então decidiu: transformaria Halana em humana, assim nunca mais estariam juntos. Era uma magia forte e Denisia sabia: assim que realizada, deixaria a vida. Mas uma vida sem Danam nunca seria uma vida.
Num por do sol Denisia, com lágrimas nos olhos, fez o feitiço. Seu corpo virou folhas que voaram com o vento, enquanto Halana perdia todos os traços de ninfa, acordando numa floresta escura, sombria, sem suas vestes de ninfas e sem seu galho. Sabia que era humana e correu, correu com medo das assustadoras árvores da floresta.
Quando Danam voltou uma dor imensa correu pelo seu corpo, pois onde estava Halana havia apenas sua veste de ninfa e o galho que as ninfas nunca deixam fora de sua companhia. E ele chorou. Chorou como nenhum sátiro já havia chorado, fazendo com que a floresta mergulhasse na maior tristeza de todos os tempos.
Foi então que Exília, uma ninfa amiga de Halana, decidiu procurá-la e a encontrou. Num êxtase foi até ela, mas então percebeu que Halana havia se tornado uma humana. Passou a noite velando-a e na manhã seguinte, quando Halana decidiu procurar um lugar seguro, usou todas as suas forças da natureza para guiá-la até a clareira onde viviam.
Quando Danam a viu, uma mistura de felicidade e angústia o dominou. Lá estava ela, a sua Halana. Queria abraçá-la, mas ela olhava ao redor, com o sofrimento marcado nas faces. Um desespero tomou conta dele, ela não o via. Então, pegou o galho de Halana, que havia guardado, e abriu  uma flor ao lado dela. Um sorriso apareceu no rosto da nova humana e ela olhava ao redor em busca de algo, ele abriu outra flor e mais outra e ela girava, girava abraçada ao ar, porque sabia que Danam estava lá. Não importava que não o visse, só o fato de saber de sua existência já bastava e ele mostrava que a amava, abrindo flores e mais flores.
Assim, a floresta voltou naquela felicidade, na felicidade de dois amantes, que jamais estariam juntos, mas que sempre se amariam, afinal, enquanto as flores se abrissem, Halana saberia que Danam sempre estaria ao seu lado.

7 comentários:

  1. gostei dos nomes.
    pq esse tipo de coisa não acontece de verdade, menino bobo que sou. O imaginário, como tudo na vida em excesso prejudica, eu que o diga.
    abs.

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  2. Adorei, adoro essas coisas de mitologia grega e talz... tah, confesso q acho sátiros nojentos, mas sua historia ficou incrivel parabéns.. adoro qnd os amores não tem um super final feliz no final, pq sei lah a vida muitas vezes eh assim e acho melhor... bjo!

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  3. "Asim, a floresta voltou naquela felicidade, na felicidade de dois amantes, que jamais estariam juntos, mas que sempre se amariam, afinal, enquanto as flores se abrissem, Halana saberia que Danam sempre estaria ao seu lado."

    Amores memória são um dos mais intocáveis e duradouros. Não há lugar melhor pra se guardar que dentro de cada lembrança.

    =*

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  4. Ah, vim retribuir a tua visita no meu blog e dei de cara com essa baita história! Linda! E muito bem escrita! Parabéns!

    =]

    E volte sempre lá no blog... Espero voltar aqui também!

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  5. Seu conto é um dos mais lindos que eu já li!Se tornou meu preferido!Você escreve maravilhosamente bem!

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Brindará também o surreal?