quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Xícaras.


Gosto de quando estão lado a lado, todas limpas e arrumadas.
Quando estão na pia, não gosto. Não gosto porque estão sujas e parecem uma louça qualquer. Não, não gosto quando parecem uma louça qualquer. Gosto de quando estão arrumadas. Cada uma com sua personalidade. Umas mais antiquadas, lembrando uma época que não existe mais; outras modernas, com jeito de marca nova. Tem aquelas que lembram realeza, outras que mostram paixão. Cada uma lá, do lado da outra, como se tivessem uma história para contar.
Gosto delas, porque é a única coisa que realmente nos pertence. Gosto porque são únicas. Gosto porque são as únicas que mostram quem realmente somos no caos das louças.
Por isso que não gosto delas sujas na pia. Porque fazem parte do caos. E como se pode viver no caos sem a ilusão de que existe, por menor que seja, um pouquinho de ordem? Não pode. Por isso que gosto delas lá, arrumadas, uma ao lado da outra. Com suas personalidades, com nossas personalidades.
Gosto delas lá, gosto de ver um pouco da nossa ordem no meio do nosso caos. Gosto. Gosto demais. Gosto delas uma do lado da outra, porque é isso que somos: uma do lado da outra no meio do caos.

2 comentários:

Brindará também o surreal?