domingo, 8 de novembro de 2015

Coletânea de textos não publicados.

"Para, mundo. Para, por favor.
Para, porque eu preciso ir e não consigo com vocês aí.
Parem, parem de falar.
Não há sentido, não há.
E eu não posso parar de escutar.
Parem, parem com essas horas e com essas regras.
Vocês também não querem seguir, ninguém quer e quem criou não está mais aqui.
Então para, para agora. Já está tarde e eu preciso ir. Mas não dá se vocês continuarem aqui.
Não dá, porque vocês me prendem.
Então parem, por favor.
Parem de me prender.
Porque já está tarde e eu preciso ir".
- Para, 31 de agosto de 2013




"Ela não entendia.
Sentada no chão, numa cidade afastada, no escuro, escutando música.
Ela não entendia.
Ela queria largar a faculdade, os amigos, a família.
Ela queria largar as roupas, a televisão e a agenda.
Ela queria ir embora.
Com a mochila, o All Star e alguns livros. E claro, com o mp3 e o fone.
Ela queria o mundo. Ela queria ver o mundo. Andar sobre o mundo.
Ela queria conhecer pessoas, pessoas que marcassem um lugar visitado e que tivesse uma música que sempre a faria lembrá-las.
Ela queria sentir saudades. Saudades de tempos que não fossem mais voltar.
Mas não saudades de um tempo bom, na expectativa de que houvessem melhores; mas sim de que já estivesse vivendo os melhores.
Mas, mais do que tudo, ela queria ir embora!
Diversas vezes!
Queria chorar por estar sempre indo embora, porque ela amava mudar.
Sabia que ia sentir saudades, sabia que não veria mais aquelas pessoas... mas amava ir. Só ir.

Mas só queria. Porque não ia.
E ela não entendia".
- Só ir, 3 de março de 2013



"Fui formado para o sistema. Fui formado para ser o melhor no sistema. E sempre fui o melhor no sistema. Infelizmente, isso nunca foi o suficiente.
Não foi o suficiente porque eu não fui formado para aceitar o sistema, não fui educado para lutar pelo sistema.
Mas sim para mostrar como ele é falho. Fui criado para ser perfeito e mostrar o quanto essa perfeição é errada.
Porque é fácil para quem está fora do sistema criticá-lo, é fácil porque a maioria é incompetente e acha na crítica uma fuga.
No entanto, quando alguém realmente se destaca, quando alguém realmente mostra que é competente o suficiente para aquilo e a revolta não é simplesmente uma fuga... existe fundamento.
O mundo quer pessoas eficientes. E para isso, criam humanos como máquinas. Um ser humano criado como humano que não chega ao potencial das máquinas, não teria a menor moral de criticá-las. No entanto, um ser humano criado como humano e melhor do que muitas máquinas faz com que as coisas mudem.
E foi por isso que me criaram! Me criaram para ser um humano, criado como um humano, que entrasse no sistema e fosse realmente bom no que eu julgo errado. Me criaram para ser bom o suficiente para depois da vitória conseguir mudar as regras do jogo.
Mas chega um ponto que a cada regra cumprida é uma ferida na alma. Cada ordem aceita é uma facada no espírito revolucionário. E a vitória só faz o peso na consciência ser cada vez maior, afinal, para ser melhor do que as máquinas, muitos humanos devem ser deixados para trás".
- Sistema de almas, 28 de novembro de 2012




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